Alpedriz – antiga vila rica de história
Origem
A freguesia de Alpedriz é formada pelos lugares de Alpedriz, Quinta Nova, Ferraria e Ribeira do Pereiro. No passado recente, fez ainda parte da freguesia de Alpedriz o então lugar de Montes, tendo passado a freguesia por volta do ano de 1994.
O início da habitação destas terras pelo homem perde-se na história do tempo, pois no lugar da Ribeira do Pereiro apareceu há pouco tempo um túmulo, do período neolítico, em local de difícil acesso.
Historicamente sabe-se que Alpedriz foi uma antiga vila fundada pelos Árabes em meados do século IX e conquistada por Afonso Henriques em 1147, que lhe deu foral em 1150. Foral esse que foi renovado em 20 de Março de 1515 por D. Manuel 1, o chamado Foral Novo.
O seu nome vem do árabe ABIDRIZ, que significa “povoação do pai do Driz” – pois ABI quer dizer pai. Mas apesar de se saber que Alpedriz foi ocupada pelos mouros durante cerca de três séculos, não há, infelizmente, qualquer sinal da sua permanência. Há uma suspeita que tal se deva ao facto da povoação que eles fundaram não ser propriamente Alpedriz, mas uma outra, nas proximidades, e que, segundo a tradição, teria sido tragada por uma das muitas tempestades de areia que eclodiram na região. Estas, constituíam um problema de tal monta que foi necessário semear pinhais e pinhais para segurar as areias, parte dos quais estão integrados nas Matas do Pinhal de Leiria.
Esteves Pereira, no seu dicionário de 1904, denominado “Portugal Corográfico” diz que são vulgares os vestígios arqueológicos e especialmente de origem Luso-Romana, dos quais se destacam as muitas casas com alpendre, tão genuinamente Portuguesas.
Alpedriz pertenceu à ordem militar de Avis, sendo sede duma comenda desta Ordem por doação do Rei D. Sancho I.
Antiga vila
Esta antiga Vila possuía uma Companhia de Ordenanças, e tem por orago Nossa Senhora da Esperança. Nos seus tempos áureos tinha Misericórdia, Hospital de Antigos e Pobres, que era governado pelo Juiz Ordinário da Vila. O Prior era de apresentação por concurso pelo Tribunal da Mesa de Consciência, e não pelo Cabido de Leiria.
Devido à sua importância nesse tempo, foram-lhe concedidos vários benefícios. Assim a vila gozava o privilégio dos Caseiros da Ordem e ainda outros concedidos por Bulas Pontifícias, entre as quais o de direito a asilo. Tinha dois vereadores, um procurador escrivão da Câmara, um Notário do Judicial e Notas, o último dos quais foi José Moniz Barreto, uma das pessoas mais ilustres desta terra.
Visconde de Alpedriz
D. Carlos em 1891 deu o título de Visconde de Alpedriz a José Eugênio da Silva, natural do distrito de Leiria, que, no Rio de Janeiro, ali realizou grandes obras de benemerência e proteção aos Colonos Portugueses.
Pelourinho
Como um dos restos do passado de prestígio, existe um velhíssimo pelourinho, uma singela coluna de pedra de lioz com cerca de três metros de altura e 30 cm de diâmetro, que estava localizado no meio dum largo em frente da chamada Capela do Santíssimo.
Esta capela foi destruída na época da 1.ª Guerra Mundial. Como havia falta de combustíveis devido aos racionamentos, as pessoas iam buscar lenha aos pinhais das imediações de Alpedriz para as diversas necessidades. Como o largo onde ficava a capela fazia uma curva muito apertada com uma rua estreitíssima, as camionetas carregadas de madeira tinham dificuldade em dar a volta nessa curva. Então, os proprietários das mesmas, alegando que a capela estava em ruínas, requereram a sua demolição, no que foram atendidos. É no lugar dessa capela que hoje está instalado o pelourinho. Dela existe apenas um relógio de sol e a sineta, que atualmente se encontra na Capela de S. António. Havia também uma cadeia do lado norte da povoação.
Instrução
Nas dependências da referida Capela, no 1.º andar, funcionou a escola primária. O seu mestre mais proeminente foi o professor António Moniz Barreto que fez desta escola um famoso centro cultural, atraindo aqui muitos alunos de todas as freguesias circundantes que iam fazer depois exame a Leiria, chegando a estar hospedados, em Alpedriz, alunos da Maiorga e Martingança.
Na mesma capela e suas dependências, esteve aquartelada uma guarnição militar francesa das tropas de Junot que invadiram Portugal nas tristemente célebres Invasões Francesas.
Posteriormente a sala das aulas passou a ser sede da Junta de Freguesia pois a escola, dada a abundância dos alunos, teve de ser mudada para uma sala maior, na casa Vieira da Rosa, situada na mesma rua.
Juntamente com a Junta de Freguesia funcionou, também aí, na mesma sala, o Tribunal do Juizado de Paz, da que foi seu último Juiz, o Professor atrás citado.
Pinheiro Santo António
A igreja Matriz oferecia de curioso uma série de inovações da ladainha, pintadas no teto mas que já desapareceram. A coroa da imagem da Virgem é uma peça de Prata do séc. XVIII, sendo uma das peças mais ricas da zona.
A confirmar a velha tradição da estadia, em Alpedriz, de Santo António, existe uma velha capela de sua invocação, e ao lado da mesma, o secular Pinheiro Manso, conhecido na região como “Pinheiro de Santo António” explicado pela seguinte lenda.
Um dia. Santo António passou por Alpedriz na estrada que ligava Lisboa a Coimbra. Sentindo-se cansado resolveu repousar à sombra dum pinheiro. O que se passou não se sabe… O que ficou na memória do povo é que mais tarde alguém pensou cortá-lo com golpes de machado e não o conseguiu. Experimentou deitar-lhe fogo mas o pinheiro não ardeu; ficando de pé…